terça-feira, 28 de agosto de 2018

O governo deve impor a religião? (Noções)

Neste ano eleitoral ocorreu muitas indagações sobre a conduta do assembleiano para com a política, com os políticos, sobre votação, sobre conversar sobre política, e sobre irmãos candidatos presentes no pleito disputando votos.

Esta situação vimos diversos discursos negativos, tais como: religião e política não devem ser misturados ... , quem entra na política se contamina com o pecado ... , no momento quem entra na política virá um ímpio ..., não pode-se falar de política na igreja ..., o crente não serve para essas coisas ..., o reino de Deus não é desta terra, o que o crente não deve gastar energia com o que não é Deus ..., etc.


Há outros discursos positivos também: se o justo não se manisfestar contra as trevas o injusto governará ..., na Bíblia há servos de Deus na política, como José no Egito e Daniel na Babilônia, isso indica que Deus usa crentes na política, devemos escolher alguém do nosso meio para zelar pelas coisas de Deus nas esferas de poder ..., etc.

Com base no texto de Grudem (2014; 2016) vamos fazer algumas considerações sobre o envolvimento do cristão e a política.


Deve-se fazer uma demarcação para as coisas tratadas aqui: a) a hermenêutica é cristocêntrica; b) os exemplos do Antigo Testamento não tem validade de lei obrigatória aos gentil conforme Atos 15 (Concílio de Jerusalém), desta form pode ser consultada como princípios ou orientação optativa; c) temos orientação arminiana em que o crente possui o livre-arbítrio e pode resistir a graça, e Deus na soberania respeita a vontade humana.

Um governo civil de forma equivocada pode impor a apoiar uma determinada religião?


É trágico, mas no passado e presente temos muitos exemplos dessa situação. Tais como: 

a) Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) entre católicos e protestantes como muitas mortes para ambos os lados; 
b) Guerras religiosas na Europa nos séculos 16 e 17 entre católicos e protestantes; 
c) Arabia Saudita impõe o Islamismo as pessoas e proíbe outros cultos e a conversão a outra religião, sentenciando até mesmo com morte, confisco e outras represarias, como ocorre com o avanço do grupo terrorista Estado Islâmico; 
d) Coreá do Norte com regime comunista de natureza materialista ateia, proíbe a religião e a expressão religiosa. Entre outros exemplo.


Este último exemplo da Coreá, há a Coreá do Sul com regime político e econômico democrático e capitalista, e possui uma das maiores da igreja evangélica do mundo, e vivendo um avivamento que é testemunhado por vários líderes mundiais. Sendo que ambas as "Coreás" possuem a separação a menos de 60 anos de regime político, e possuindo em comum a mesma história, raiz cultural e laços familiares.

Logo, não há como o governo impor a religião e nem proibi-la, mesmo a cristã ou qualquer outra. Salva guardo que dentre os valores da nação não fira o direito a vida, a liberdade e a consciência. Pois, há "interpretes" de religiões como vimos a cima que matam caso sejam desobedecidos.

domingo, 24 de junho de 2018

Cristão: liberdade e cidadania

O cristão tem liberdade para desobedecer autoridades civis (governo/estado)?
Numa entendimento pentecostal tem-se buscamos enfatizar que sobre o homem possuir o livre arbítrio, e assim a assessão de possuir responsabilidade pelos seus atos, em especial, na sua consciência na operação de suas ações.

A Bíblia informar em Gênesis 3, na queda do homem que o mesmo comeria do suor do seu rosto e a mulher seria sujeita ao homem e teria dores de parto, e ambos morreriam por causa do pecado. Percebe-se algumas implicações instituídas: o trabalho para a construção, a autoridade delegada, a morte pelo pecado (castigo pelo erro), e durante a história do Gênese se desenvolve todo um contexto sobre a relação de Deus e os homens.

Quando questionado Jesus sobre o pagamento de imposto, Jesus reponde: 

“Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22.21).
Deixando clara diferenciação e independência de esferas, o que é obrigação religiosa e espiritual, e obrigação civil e terrena. Não podemos ter responsabilidade diante das coisas espirituais e deixar de lado as coisas terrenas e civis. (Lc 16.10-12).

Em Romanos 13 ensina que toda autoridade é instituída por Deus para o bem e para punir o transgressor. Não deve ser temida, mas respeitada e obedecida, que termos louvor das mesmas.
Em 1 Pedro diz 


“Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei”.

Considerações de liberdade e responsabilidade





Portanto, temos algumas premissas para refletir nas nossas atividades civis:

  • Temos o livre arbítrio, logo temos a liberdade de pensamento, e assim, devemos pensar escrupulosamente e com responsabilidade naquilo que Deus nos direciona;
  • Somos responsáveis pelas nossas decisões em todo tempo, com consciência, e assim não podemos tomas atitudes sem pensar em como responder diante de Deus pelas nossas ações;
  • Deus nos ensina a administrar bem as riquezas mundanas e terrenas, e assim é um sinal de fidelidade, e assim também seremos fieis nas coisas espirituais;
  • Temos obedecer as autoridades e honrá-las e viver em tranquilidade e não ser omissos nas obrigações civis.

Considerações sobre o abuso de autoridades


Nada obstante a isso, devemos lembrar que a fonte de toda autoridade é o Senhor:

Provérbios 8.15 diz “Por mim reinam os reis e os príncipes decretam justiça”.
Daniel 2.47 diz “Não há dúvida de que o seu Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis [...]”.
Atos 4.19 diz “Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus.”

Quando ocorre situações que autoridade induzem ou ordenam coisas de quaisquer natureza que vão contra a direção de Deus, tais como: blasfemar ou negar a Jesus como Senhor e Salvador, não permitir adorar, ou não permitir a expressão do senhorio de Jesus, a desobediência civil é permitida, pois está ferindo a autoridade de Deus na vida do crente.


Por isso, muito cristão foram mortos por imperadores romanos e outros perseguidos.

No geral, vivemos em um país livre, em que não podemos somente viver de forma responsável os direitos do reino do Céus, mas também o da terra. Buscar fazer o pedido do Pai Nosso: “Seja feito aqui na Terra como é nos Céus”! Quem faz isso somos nós por meio de atitudes, ações, responsabilidade e nos posicionando na sociedade em amor e santidade.

sábado, 23 de junho de 2018

A justiça social e o pensamento cristão pentecostal




Faço aqui algumas interpretações pessoais. Apesar do título. Acredito que muitos pentecostais, especialmente as primeiras gerações, são de origem de pessoas humildes financeiramente, escolarmente e socialmente. Neste sentido, quando receberam Jesus como seu Senhor e Salvador foram ainda mais excluídos com a convicção de viver para outro governo e governante, o Reino dos Céus e ao Rei Jesus Cristo.





Hoje, urge a desigualdade de renda, recursos materiais e acesso social em várias oportunidades, tais como: vagas em curso de ensino superior (graduação ou pós-graduação), educação, comércio, empresas, indústrias, ambientes sociais dado a alta cultura. Não só vale isso, muitas pesquisas revelam que ricos têm se tornado mais ricos e pobres mais pobres.

Um quadro social que a cultura-mundo desenvolve a passos largos a idolatria do hipercapitalismo (com seus supercapitalistas que são mais ricos que países), hipertecnologia (traz entretenimento mundial e unifica a nossa cultura e economia de massa), hiperindividualismo (estamos muitos individualistas, hedonistas e distantes das arenas públicas) e hiperconsumismo (a felicidade ligada às compras, bens e julgamos o valor espiritual e de missão de vida pelo consumo para preencher o vazio existencial) (LIPOVETSKY; SERROY, 2011). Sendo que podemos viver na igreja de forma hipócrita, louvando a Deus, mais sendo adorador do dinheiro, viciado nas tecnologias (celular, por exemplo), egoísta-hedonista no seu estilo de vida e, consumista (seu parâmetro de medida é o que tem, e precisa sempre ter mais). É duro, mais é a realidade em muitas congregações. “Muita aparência, muita sede por Deus, mas pouca vida com Deus”.

 


Muitas pautas mais antigas são levantada na égide da justiça social: preconceito a cor e raça (racismo), discriminação feminina (misoginia), ao estrangeiro (xenofobia), a dominação ao corpo de outro (escravidão e prostituição forçada). Outras pautas são mais recente: aborto pelo direito ao próprio corpo feminino (feminismo da terceira onda), LGBT (Lésbicas, Gay, Bissexuais, Travestis, Transsexuais) na homofobia (violência física) ou recentemente a “lgbtfobia”. 



Inicialmente, ao cristão ortodoxo, em especial pentecostal, que crer na Bíblia como norma de fé e obras, a ideia de justiça está relacionada a retribuição, ou dá o que é devido, adequação, restituição. Na doutrina da Salvação está estritamente relacionada a doutrina da Justificação. Pois no AT a lei de Moisés (Torá) informa que aquele que vive pela lei, será justificado por ela (Gálatas 3.12). Nesse sentido, a justificação de ser povo de Deus não foi por mérito ou capacidade, mas por eleição (Israel foi escolhido), e é nisso que no AT repete que a bênção, a prosperidade e a piedade é vivenciada pela graça de Deus.

É interessante como Deus usou lembrar por Isaías, Amós, Jeremias e Salmos para a negligência e o pecado contra o pobre, a viúva, o órfão e o estrangeiro - quarteto de cuidado (Deus se põe como o protetor). A justificativa é que Israel foi peregrino no Egito, oprimido e escravo (pobre), sem acolhimento e sem família (como viúva - mulher), sem protetor (como um órfão - criança/dependente) e sem terra própria e de outra cultura (estrangeiro). A lógica é como “vocês” viveram assim no Egito, não oprimam o necessitado próximo de vocês, o acolham como Eu os acolhi (salvei).






No NT semelhantemente segue a lógica do batismo do Mar Morto no AT, se morre para mundo e se vive para Deus, as vitória de Jesus é atribuída pela fé numa obra de transformação realizada pelo Espírito Santo. A justificação é porque Ele fez por nós, e recebemos pela fé a Sua obra (Efésio 2.8,9). Logo, não merecemos, mas pela graça somos transformados em glória em glória.

Nisso chama atenção no discurso de Jesus sobre as bem-aventuranças, especificamente sobre os “pobres de espírito”, pois deles é o Reino dos céus. O pobre de espírito não é pobre financeiro, social, saúde ou de talento “material”. A metáfora “pobre de espírito” é o necessitado que não tem mérito, capacidade e força de se sustentar sozinho e necessita, e se humilha, e buscar pelo seu capacitador, o Espírito Santo, a viver uma vida digna e piedoso, e por isso deles é Reino. É muito semelhante ao AT sua base de justificação.




Nesta acepção, é estranho ao cristão salvo pela graça de Deus negar e ignorar o pobre, a viúva, o órfão e o estrangeiro. Na sua volta ser incapaz de ajudar, se compadecer e doar. Por que Deus fez por ele (cristão), assim também faz por outros. Nesse sentido Tiago diz que a fé sem obras está morta.

Aqui, no sentido pessoal, a justiça é generosa, pela graça que recebi, também compartilho, pois não mereci, não tinha dignidade própria, era estrangeiro, era doente, estava preso/condenado, estava com sede/fome, estava nu… e Jesus me deu dignidade, recebi cidadania/família, fui curado/cuidado, foi liberto/redimido, fui saciado e fui coberto/protegido (Mateus 25).






Por isso, as pautas no qual sobre a cor e raça (racismo), discriminação feminina (misoginia), ao estrangeiro (xenofobia), a dominação ao corpo de outro (escravidão e prostituição forçada) são totalmente legítimas de serem apoiadas no âmbito comunitário, socialmente e nas esferas políticas. Não é necessariamente o governo que a Bíblia ordena, mas aqueles que Deus pôs próximo. Muitos esperam que o governo, líderes ou pessoas ricas o façam, mas não está escrito isso como prioridade, pois não é o governo sal e luz, mas o cristão.

Por outro lado, a Bíblia apresenta outras verdades: o mundo e tudo o que tem são de Deus (Salmos 24), a vida e toda criação foi criada como boa, contudo o pecado trouxe impacto (Gênesis 3). Mas são governadas pelas leis de Deus. Logo outras pautas na égide dos direitos humanos devem ser observadas com cuidado.

Primeiro, a ideia de igualdade a lei vem de base bíblica, pois todos foram criados debaixo das leis de Deus, e são iguais mediante a essas leis de Deus (Direito Natural). Assim, assassinar alguém que não seja por legítima defesa não está contemplado, um exemplo é o aborto por razões ideológicas e não de segurança a vida da mulher, pois o ser humano gestado é outra vida, não pertence a mulher, está na mulher.

Outro exemplo é o acolhimento a pessoas ligadas ao LGBT em práticas (secretas ou abertas). Devemos amar, ensinar e ter paciência para o crescimento e desenvolvimento da salvação, pois a imoralidade sexual é como qualquer outro pecado que exige amor. Mas obrigar a confessar essa prática como correta já extrapola o discurso bíblico, e não podemos deixar de confessar que pecado é pecado.

Neste tópico muito se ventila da construção cultural das instituições humanas e do gênero (masculino e feminino), e possui sua parcela de verdade. Mas não pode colonizar e abolir outras verdade, como a nossa estrutura biopsiquica, corpo biológico masculino é diferente do feminino, e a mentalidade ligado ao afeto (afeição e emoções) não possui base científica suficiente para fazer afirmações como tem feito em desconsiderar essa base biológica/física. Por outro lado, no âmbito democrático e cidadão é justo solicitar reconhecimento social e jurídico de patrimônio, herança e outras pauta na esfera da segurança física e econômica por serem seres humanos, com dignidade, direitos e deveres. Mas por outro lado, obrigar a ter associação com os mesmos já extrapolam outros direitos (Exemplo foi obrigar nos EUA a uma confeitaria a fazer um bolo de casamento homoafetivo judicialmente a um confeiteiro que não se prontificou por motivação de consciência religiosa, a justiça deu ganho de causa ao confeiteiro, mas nem sempre é assim).

Nestes caso acima, a questão de justiça social está demasiadamente ligado a questão da teoria do estado, civilização, teoria jurídica e de sociedade. Um reflexão interessante é feito por Carvalho (2005) usando como base o jurista Dooyeweerd e Chaplin para uma justiça social na perspectiva cristã. Contudo, acreditamos nem tudo que recebe a designação direitos humanos e justiça social possui legitimidade bíblica e capacidade de corrigir qualquer condições do mundo, pelo contrário, pode colaborar a formar outros por causar injustiças, ou seja, fazer o que diz que combate.



Para finalizar, a justiça generosa de Deus nos faz amar e cuidar daqueles que estão em fragilidade para viver uma nova vida e em Deus superar suas adversidade, mas não mantê-los dependentes, mas desenvolver a sua salvação (em todas as áreas da vida). Há outras desigualdades existentes permitidas por Deus no qual Ele chama ao arrependimento, e não permite que seja culturalmente alterado. Assim, sejamos humildes de espírito para receber de Deus a capacidade de viver amorosamente, e poder enriquecer a muitos em amor.

LIPOVETSKY, G; SERROY, J. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Cia das Lestras, 2011.

CARVALHO, G. V. R. PODER POLÍTICO E JUSTIÇA SOCIAL NA FILOSOFIA REFORMACIONAL DE HERMAN DOOYEWEERD. Revista Eletrônica de Ética e Cidadania, v. 1, n. 1, p. 30–51, 2005. Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Graduacao/EST/Publicacoes_-_artigos/carvalho_3.pdf>. Acesso em: 24 out. 2016.

sábado, 9 de junho de 2018

O assembleiano participa das atividades culturais (mundana)? (Parte 2)

E continua ...


Vemos que a referência é olhar para Deus, Sua vontade e Seus ensinamento para interagir e criar cultura; e, ter muito cuidado com a autorreferência (pensar que Deus só reage ao crente, um Deus autorreferente, a imagem egocêntrica do crente faz um Deus limitado).




Tomando esse cuidado, ou buscando pelo menos. O nosso ponto de partida a questão da cultura e o cristão vamos ter algumas considerações:

  • Quando falamos do cristão contra a cultura, e quando se desclassifica todas as práticas culturais fora da sua instituição, ocorre que o cristão se posiciona "mais puro" e em posição de destaque, e mais elevado dos que estão "impuros" pela cultura. Nos parece um procedimento "arrogante", pois o Senhor Jesus nos ensina simplesmente que quem se mantem em pé, que ore para que não caia (sujeito as mesmas paixões); ou mais, diz também que o senhor não é maior que o servo, pelo contrário, se ensina a limpar os pés dos outros (igualdade); e, o Ap. Paulo informa que somos salvos pela graça, e não vem da capacidade própria, pelo contrário, é dom de Deus (não há mérito próprio). Logo, muitas construções culturais por mais que possua sua face pecaminosa, não somos nós de natureza totalmente a versa, pois se dizermos que não temos pecado, O fazemos (fala de Jesus) mentiroso (1 Jo 1.10). Não é a moralidade que faz os produtos e práticas culturais de cristãos melhores, ou mais puros, ou mais santos. Mas nos parece que tem mais a haver a uma dedicação do coração em fazer para a glória de Deus. E quando se fala de glória, não temos parâmetros assertivos que não seja os frutos.
  • O cristão na cultura na sua ideia de tornar a Cristo o melhor da sociedade, poderá distorcer a mensagem (autentica) de Jesus quando diz que veio trazer a espada e não a paz em casa. Deus não negocia sua glória e nem adoração. Logo, há valores e práticas que entraram em conflito no mundo. É inevitável.
  • O cristão acima da cultura é um posicionamento com tendência de institucionalizar o relacionamento divino, e por fim confundir o aspecto institucional da igreja com o aspecto de ser o corpo de Cristo (místico/espiritual) (Koyziz, 2009). Foi o próprio Cristo que diz que se a nossa justiça (relacionamento baseado no amor) não exceder a justiça dos fariseus e saduceus (religiosos que possuem práticas aguerridas por obrigação religiosa) não se entraria no Reino dos Céus. Religião não é relacionamento com Deus, mas uma forma de organizar e estruturar como grupo social organizado, enquanto instituição, mas o nosso relacionamento com Deus e com o próximo não se pode fugir do aspecto do mistério (Cl 1.26; Ef 5.32).
  • o cristão e a cultura em paradoxo é uma situação infelizmente paralisante, pois não tomam os princípios que possa unificar as situações culturais e cristãs (necessariamente), mas se analisa no prisma ora da ira, ora da misericórdia, e a tendência conservadora tomará conta. É tímido e inautêntico para o amor, fica-se sempre em cima do muro pela dúvida.
  • o cristão como agente transformador da cultura faz parecer que os cristãos transformadores vão vencer o pecado na cultura e redimi-la (atributo só dado a Deus). Contudo, é aconselhável ponderar sobre o que está escrito em Apocalipse, o mundo vai ruir, a Babilônia vai cair. E Jesus declarou que não somos desse mundo, e por isso que Ele intercedeu por nós para nos livrar do mal. A transformação social é utópica ao cristão orientado biblicamente, contudo estimula a levantar sua a voz contra a injustiça e o pecado.
Nesse sentido devemos mudar o nosso foco de analisar a cultura. Quando maior for a instituição, mais diferenciada e mais integrada ao mundo criado por meio da abertura cultural será necessária para poder atuar no mundo. Logo, acredito que não há receita para nós. Contudo, vivemos numa nuvem cinzenta entre cultura e ação cristã em que Pimentel (2012) cita Mark Driscoll e, DeYoung (2012) sugere o envolvimento cristão baseado nos três “Rs” (Receber, Rejeitar e Redimir). Não fará análise macro, somente análise micro, ou circunstancial. Vejamos:
Receber: Há coisas na cultura que fazem parte da graça comum de Deus a todas as pessoas, as quais um cristão pode simplesmente receber. É por isso que, por exemplo, estou digitando em um Mac (Computador) e vou postar neste blog na internet sem ter que procurar um computador ou um formato de comunicação expressamente cristã.
Rejeitar: Há coisas na cultura que são pecaminosas e não benéficas. Um exemplo é a pornografia, que não tem valor redentor e deve ser rejeitada por um cristão.
Redimir: Há coisas na cultura que não são ruins em si mesmas, mas podem ser usadas de uma forma pecaminosa e, portanto, precisam ser redimidas pelo povo de Deus. Um exemplo que teve grande repercussão na mídia é o prazer sexual. Deus fez nossos corpos para, entre outros fins, o prazer sexual. E, embora muitos tenham pecado sexualmente, como cristãos, devemos resgatar este grande dom e todas as suas alegrias, no contexto do casamento.”
No caso específico de guerra cultural pela verdade, no sentido de buscarem desconstruir a visão cristã, ou necessitar tratar com paciência para uma missão cultural em amor, sugere-se três posições (PIMENTEL, 2012; DEYOUNG, 2012):
1. Sem Retirada: Diante de controvérsia e oposição, é sempre tentador recuar para fronteiras mais amistosas. Mas trabalhar pelo bem comum é parte de amar nosso próximo como a nós mesmos. O impulso pietista de simplesmente concentrar-se em ganhar os corações e as mentes não considera suficientemente o papel das instituições e a importância de dar voz à verdade na arena pública. Muito pelo contrário, o progressivo impulso de ficar calado por medo de invalidarmos nosso testemunho é uma estratégia equivocada de vencer o mundo deixando-o vencer. Ou isso ou uma tentativa insincera de esconder o fato de que eles já não possuem quaisquer padrões éticos.
2. Sem Retrocesso: Não importa a pressão, nós nunca devemos nos desviar da palavra de Deus para agradar os poderes do mundo (Romanos 12:1-2). Esse princípio não determina automaticamente o curso de ação em cada esfera, pois a política deve às vezes ser a arte de ceder. Mas, quanto aos nossos compromissos doutrinários, nossa pregação de púlpito e nossos valores comuns, nós não devemos ceder um centímetro sequer se aquele centímetro nos afasta da verdade da Escritura (João 10:35). Aquele que se casa com o espírito desta era torna-se um viúvo na próxima. A igreja não é construída sobre novidades teológicas, e as almas não são ganhas por ambiguidade sofisticada. Todo aquele que se envergonha de Cristo e suas palavras nesta geração adúltera e perversa, o Filho do Homem também se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos (Marcos 8:38).
3. Sem Revidar: Se isto é uma batalha, então os seguidores de Cristo devem ser um tipo diferente de exército. Mesmo quando nossas emoções estouram, nossa compaixão deve se aprofundar. Não há espaço para triunfalismo, cinismo e disputas para ver quem faz mais pontos. Devemos ser guerreiros alegres e esperançosos. Quando injuriados, não devemos injuriar ou ameaçar em troca, mas confiar-nos àquele que julga retamente (1 Pedro 2:23). Não devemos nos surpreender com o sofrimento (1 Pedro 4:12). Não devemos odiar quando somos odiados (Mateus 5:43-44). E quando descansarmos em paz à noite, que não seja porque todos os homens nos louvam ou porque a cultura reflete nossos valores, mas porque nossa consciência está limpa (1 Pedro 3:16). Na luta contra os principados e potestades, não devemos nunca nos afastar, nunca ceder, nunca desistir do amor.
Desta forma, ao pensar sobre santidade, também pensamos em ação na cultura no qual pode refletir para glória de Deus, ou para manutenção cultural. Talvez essa reflexão possa fazer pensar sobre o porquê que há tantos evangélicos e não há uma transformação na sociedade brasileira? Lógico que não é uma resposta simplista apontando aqui as posições do cristão e a cultura, pois há considerações de contexto local e nacional, condições, educação, organização eclesiástica e influência da cultura em que está imergido.
Gosto muito da metáfora que diz que a tradição (aqui como cultura) é um aquário no qual o peixe não percebe que não está no mar. Da mesma forma, creio eu, que por está na cultura ocidental (ou numa tradição de congregação) não percebemos da liberdade de imaginar uma vida liberta e abundante em Cristo para viver no local onde Deus nos chamou, ou enviará.


Que música cantar, que festa ir, qual site visitar, ou qual atividade cultural participar? É um tema digno de ser discutido na sua congregação tendo como princípio que a glória de Deus não se limita ao usos e costumes locais (de décadas passadas só por adotar), e que são mutáveis ao decorrer do tempo. Mais que tudo deve ser feito com ordem e decência.



Obras Citadas
Alves. L. M. (2016). Niebuhr: Cristo e Cultura. Fonte: Ensaios e Notas: https://ensaiosenotas.com/2016/05/27/niebuhr-cristo-e-cultura/

DeYoung, K. (2012). The Three R's of Christian Engagement in the Culture War. Fonte: The Gospel Coalition (TGC): https://www.thegospelcoalition.org/blogs/kevin-deyoung/the-three-rs-of-christian-engagement-in-the-culture-war/

Ferreira, F. (2013). Franklin Ferreira - O Cristão e a Cultura. Fonte: Voltemos ao Evangelho: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/02/franklin-ferreira-o-cristao-e-a-cultura/

Koyzis D. (2009). Cristo, Cultura e Carson. Disponível em: tuporem.org.br/cristo-cultura-e-carson/

Morin, E. (2009). Cultura de Massas no século XX: Neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Niebuhr, H. (1967). Cristo e Cultura. ((Série encontro e diálogos Volume 3). Tradução de Jovelino P. Ramos., Ed.) Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra.

Padilla, C. R. (2014). Missão Integral: o reino de Deus e a igreja. Viçosa: Editora Ultimato.

O assembleiano participa das atividades culturais (mundana)? (Parte 1)

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. - 1 Coríntios 10:31.
(Está é uma opinião pessoal em que não possui chancela denominacional).

Ouvir música que não é da igreja (dita mundana por uns, ou secular por outros), assistir novela, fazer o perfil e interagir em redes sociais, jogar futebol, participar/eleito a cargos eletivos e/ou políticos, fazer faculdade, ler romances e temas políticos, participar de coletivos sociais (feminismo, ou pró-vida), entre tantas coisas são cotidianas.


Essa pergunta é bastante capciosa pois faz uma diferença tácita entre o que é denominado mundano. Isso levanta duas dicotomias: a) mundano e santos; b) cultura mundana e cultura cristã.


Ante eu preciso informa que acredito que vivemos num período ímpar da história no qual as comunidades não vivem isoladas territorialmente e culturalmente como antes, mas temos nos unido por meio da tecnologia de comunicação ocidental, meios de transportes e o mercado (economia). Logo, a interação cultural hoje é muito mais real, contingente e inevitável hoje nos contextos urbanos e/ou contexto interligados seja pelo mercado (capitalismo), seja pelas relações culturais e/ou interesses missionários.


Logo, creio que a dicotomia inicialmente pronunciada pode ser em primeiro nível é cultural e depois suas práticas, ou seja, frutos ou expressões da cultura. Não há uma prática que não tenha uma crença, explícita ou implícita, no qual seja organizada por formas de pensamentos que utilizem símbolos, e sejam comunicados e/ou reproduzidas por grupo no qual faz sentindo essas práticas e significados. Por exemplo, o ato de entoar na congregação o hino da harpa nº 70, Porque Ele vive (primeira estrofe):


“Deus enviou, Seu Filho amado, Para morrer, em meu lugar, Na cruz morreu por meus pecados, Mas ressurgiu, E vivo com o Pai está”


O ato de entoar o hino é uma expressão de reconhecimento da ação de Deus, feito inicialmente em grupo em reunião (como o culto), inspirado nas Escrituras (mensagem, uso das palavras com sentido particular: Filho, cruz, ressurgiu, Pai), utilizado por irmãos participantes do movimento pentecostal (Assembleia de Deus).



Todavia, poderia se dizer que é uma cultura cristã, mas há elementos mais gerais que essas características estão incluídas. Por exemplo: usamos a língua portuguesa, a reunião ocorre com liberdade de culto e reunião, utilizando-se de recursos físicos e sociais. Então, a ideia de cultura pode ser incerta, ou inexato.


Neste sentido, a cultura pode ser visto de forma mais ampla. Consultando o pesquisador francês Edgar Morin, entende a cultura pode ser entendido como cultura no sentido de tradição clássica (religiosa ou humanista), há também a cultura específica de uma nação, e por fim há o que é entendida por cultura de grupo particular. Desta forma, uma possível compreensão poderia ser:


“A cultura constitui um complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções [...] realizam trocas mentais de projeção [...] personalidades míticas ou reais que encarnavam os valores [...] Uma cultura fornece ponto de apoio imaginários à vida prática, pontos de apoio práticos à vida imaginária; ela alimenta o ser semi-real, semi-imaginário, que cada um secreta no interior de si (sua alma), o ser semi-real, semi-imaginário que cada um secreta no exterior de si e no qual se envolve (sua personalidade)” (MORIN, 2009, p. 15).



Nesse sentido, as práticas do “mundo cristão” ou nessa ideia, na cultura ocidental poderia ser uma subcultura cristã. De toda forma, no encontro com outras crenças e práticas no bojo da vida ordinária as práticas e vida cristã é algo singular entre tantas, e que a Bíblia ordena a postura de santidade (1 Pe 1.16), ou lembra da história “O Peregrino” de John Bunyan, na caminhada para nova terra e a entrada pela porta estreita. É irônico que nesse conto infantil que segundo Pimentel (2012) os personagens “Obstinado, Flexível, o Pântano da Desconfiança, e o Sr. Sábio-segundo-o-mundo, tudo foi obstáculo na jornada do Cristão pela Porta Estreita”. Assim, não há uma fórmula mágica para pensar santidade, cultura e vida cristã.


Me chama atenção que o pastor Franklin Ferreira (2013) comentando sobre o trabalho de Niebuhr (1967) com o título “Cristo e a Cultura”, sendo que substitui a metáfora Cristo como sinônimo da igreja e das ações enquanto grupo social e material no mundo, por Cristão. Nesse sentido fica mais situado e personificado pessoalmente, mas a ideia de Cultura é quase que substancial e homogênea, diferente do que Morin propõe, mais válida para o propósito de comparação.




Para sintetizar a ideia de Niebuhr (1967) com Ferreira (2013) e  Alves (2016) para inserir as perspectivas abaixo. Mas é importante que para uma perspectiva ser bíblica, necessita contemplar o princípio de criação-queda-redenção divina em proporções admissíveis. (OBS: Parece mais acadêmico o discurso, mas é importante para ter parâmetro histórico).
a) o cristão contra a cultura - a lealdade e autoridade sobre o cristão seria exclusivamente a Cristo e a irmandade, e se criam estruturas alternativas para servir a Deus, e se impõe a definitiva recusa a qualquer aspecto cultural contraditório a interpretação bíblica ou institucional. Apresentando como portadores históricos dessa perspectiva no Didaquê, na Primeira Epístola de Clemente, e nos escritos de Tertuliano (c.160–c.225) e dos anabatistas do século XVI, como Michael Sattler (c.1490–1527). No Brasil é próprio de muitas congregações pequenas e independentes com teor separatista e fundamentalista evangélica. Sendo assim, aparentemente, há pouca perspectiva de redenção, ou a redenção somente para o futuro escatológico (na interpretação que põe que quando Jesus vier, depois do arrebatamento, no novo céu e nova terra, por exemplo).
b) o cristão na cultura - o cristão ver Cristo na sociedade e nas suas estruturas, não sendo dicotômico, pelo contrário, toda expressão é digna de absorção/assimilação. O Messias é visto como compatível para realização de suas aspirações, sonhos e esperanças. Aqui é compatível com os ensinos de gnósticos do século III, Abelardo de Paris (1079–1142) e dos teólogos liberais do século XIX refletem esta posição e também a igreja evangélica na Alemanha, por influência deste entendimento, trocou seu nome para Igreja do Reich e seus pregadores juraram obediência a Hitler, e a igreja americana estadunidense depois da independência. Um exemplo brasileiro seria a IURDI (Igreja Universal) no qual interage e assimila em todas as esferas do plano político, econômico e espiritual. Aqui parece que a queda do homem quase não tem impacto na vida e na cultura, por isso necessita de cuidado quem apoia essa perspectiva.
c) o cristão acima da cultura - entende o mandato cultural de Deus na criação, logo a cultura não é boa e nem ruim. A cultura é sustentada por Deus, e veem a harmonia (ou uma síntese) entre o cristão e a cultura como a melhor maneira de abordar o “problema”. Pode ser observada em Clemente de Alexandria (c.150–c.215) e Tomás de Aquino (1225–1274), que busca uma unidade entre o cristão e a cultura, onde toda a sociedade aparece hierarquizada. Logo, a igreja e sua mensagem institucionalizada condiciona culturalmente a sociedade. É nisso que Padilha (2016) diz que a América Latina é um continente batizado e não convertido. Por outro lado, há uma busca de influenciar o discurso secular por uma cosmovisão superior, um exemplo é o calvinismo da Mackenzie. Aparentemente a posição da criação é autônoma ao efeito da queda, e assim a cultura também, desta forma o esforço é de dominar a cultura.
d) o cristão e a cultura em paradoxo - nessa perspectiva há “dois reinos”, a igreja e a cultura, no qual o cristão é fiel ao Senhor e possui responsabilidade pela cultura. Logo, entra em paradoxo, pois há situações que a cultura está refletindo o pecado do homem que faz possui responsabilidade, mas não concordância. Um exemplo é quando uma mulher (cristã) sofre espancamento do marido (cristão) e vem a questão de denunciar, ou não, a polícia. Posição associada a Martinho Lutero (1483-1546) e Søren Kierkegaard (1813-1855). Típico do discurso que diz não ter nada haver com o “mundo” mas aceita uma participação discreta na vida social e como cidadão. Alves (2016) apontam aos membros da Congregação Cristã no Brasil e da Igreja Cristã Maranata estariam nessa tipologia, embora beirando ao “Cristo contra a cultura”. A queda afetou a cultura e suas consequências serão resolvidas no futuro escatológico.
e) o cristão como agente transformador da cultura - a visão de redimir a cultura, em que os elementos de criação e queda são considerados, todavia, o Criador por meio dos eleitos levam a cultura “transformada a vida humana para a glória de Deus” através da graça de Deus. Posição associada a Agostinho (354-430), João Calvino (1509-1564), John Wesley (1703-1791) e Abraham Kuyper (1837-1920). No Brasil está presente no movimento de Missão Integral e movimentos sociais com ativismo cristão transformador. Se enfatiza muito a redenção e a queda é pouco enfatizado em comparação às outras perspectivas.
Os assembleianos não estão perfeitamente categorizados em nenhuma dessas perspectivas devido ao tamanho (mundial ao local) da instituição e ser uma instituição multifacetada. Apesar de acreditar que no Brasil muitos estão ainda na perspectiva original da Assembleia de Deus da década de 50, ou seja, o cristão contra a cultura, é facilmente percebida.

E continua ...
Obras Citadas
Alves. L. M. (2016). Niebuhr: Cristo e Cultura. Fonte: Ensaios e Notas: https://ensaiosenotas.com/2016/05/27/niebuhr-cristo-e-cultura/

DeYoung, K. (2012). The Three R's of Christian Engagement in the Culture War. Fonte: The Gospel Coalition (TGC): https://www.thegospelcoalition.org/blogs/kevin-deyoung/the-three-rs-of-christian-engagement-in-the-culture-war/

Ferreira, F. (2013). Franklin Ferreira - O Cristão e a Cultura. Fonte: Voltemos ao Evangelho: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/02/franklin-ferreira-o-cristao-e-a-cultura/

Morin, E. (2009). Cultura de Massas no século XX: Neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Niebuhr, H. (1967). Cristo e Cultura. ((Série encontro e diálogos Volume 3). Tradução de Jovelino P. Ramos., Ed.) Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra.

Padilla, C. R. (2014). Missão Integral: o reino de Deus e a igreja. Viçosa: Editora Ultimato.


Pimentel, V. (2012). Os 3 Rs do Envolvimento do Cristão com a Cultura. Fonte: Voltemos ao Evangelho: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/09/os-3-rs-do-envolvimento-do-cristao-com-a-cultura/

sexta-feira, 8 de junho de 2018

A manipulação e a orientação política na igreja





“Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não” (Mateus 22.17).

A manipulação e orientação política na igreja possui uma diferença sutil e quase imperceptível. Pois, a política tem a haver como nos organizamos e gerenciamos recursos e ações no mundo. Muitas pessoas estão interessadas em desenvolver seus dons e talentos para servir aos outros, mas há aqueles que querem se aproveitar disso para seus interesses escusos. Nestes tempos, como nos tempos de Jesus, precisamos ter “prudência como as serpentes e simples como as pombas”.

Inicialmente, a manipulação está associada a levar alguém ou grupo a uma disposição prévia em que o manipulador conduz sem que os manipulados percebam, ou não tenham como discernir. A intenção é enganosa e há a crença que caso seja esclarecido as intenções e propósito da manipulação não será exitosa o processo de condução dos manipulados. Em Atos 8.9-11 fala de algo assim:
Um homem chamado Simão vinha praticando feitiçaria durante algum tempo naquela cidade, impressionando todo o povo de Samaria. Ele se dizia muito importante, e todo o povo, do mais simples ao mais rico, dava-lhe atenção e exclamava: "Este homem é o poder divino conhecido como Grande Poder". Eles o seguiam, pois ele os havia iludido com sua mágica durante muito tempo.

Nesse episódio interessante, Simão (o mágico) iludia a todos, do pequeno ao grande para promoção de sua imagem e faziam crer ser dirigido por Deus. Aqui, podemos inferir algumas características dos manipuladores: se auto promove (se preocupa mais com a opinião pública do que agradar a Deus), busca influência grandes e pequenos, faz pensar que o seu poder ou habilidade é atribuído a Deus (cria artificialmente as condições de aplicação), os mantinham sob o poder de iludir (manipular) por tempo indeterminado (sede de mais poder) até não ser capaz de resistir a verdade no poder de Deus.




O curioso é que a magia (mágica) promete coisas difíceis no qual pessoas comuns não têm acesso facilitado de forma rápidas em que receberam por uma contrapartida, por meio de pagamento, um presente, um favor, uma oferta, etc. Coisas que vemos muito na igreja em oferecer, por exemplo, um candidato prometer coisas incabíveis e mentirosas (normalmente sem nenhuma estratégia, conhecimento e apoio) por um cargo no poder executivo ou legislativo nas esferas municipal, estadual ou federal.

Não vamos nos enganar, coisas difíceis e valiosas vem por meio de muito trabalho e suor (Gn 3.19). Logo, pautas importantes para membros de uma igreja não são balcão de negócios. Não se iludam com os “Simãos” de quatro em quatro anos que diz ter muita poder e influência e que vai resolver o seu problema, todavia, mal conhece o seu bairro/cidade.

Por outro lado, a orientação está relacionado a exortação e a responsabilidade. Se expõem claramente preceitos, conceitos e fatos em relação a orientação bíblica para a tomada de posição por parte de quem ouve a orientação. A orientação não diz o que deve-se fazer necessariamente, contudo, se expõem o que não se deve fazer. Aqui, vemos a exortação de Paulo a Timóteo a falar da verdade: 

“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Timóteo 4.2).


Retomando o verso de Mt 22.17, Jesus respondeu:
Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: "Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova?
Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto". Eles lhe mostraram um denário,
e ele lhes perguntou: "De quem é esta imagem e esta inscrição? "
"De César", responderam eles. E ele lhes disse: "Então, dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". (Mateus 22:18-21).



Jesus discerne a hipocrisia (falsidade, dissimulação) e faz uma demonstração da dura verdade para todo homem sobre a sua responsabilidade em analisar e buscar fazer a vontade de Deus na realidade em que vive. Ou seja, Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

César representa o sistema político e mundano, no qual devemos pessoalmente sermos responsáveis pelas nossas decisões, pagamentos e direitos. Sem faltar com as ordenanças divinas de amor, justiça, respeito e adoração. Não podemos terceirizar a responsabilidade de para com ”César” e para com Deus. Ninguém deve pensar por mim, ou minha opinião está a venda caso alguém pague?

Reflitamos e ouçamos a voz de Deus para não aceitar a manipulação, pois Simão mesmo batizado e seguindo na Igreja ainda estava inclinado a ambição egoísta e ao dinheiro como aponta Pedro: 

Pereça com você o seu dinheiro! Você pensa que pode comprar o dom de Deus com dinheiro? [...] “pois vejo que você está cheio de amargura e preso pelo pecado". (Atos 8:20, 23).

A orientação política segue orientação bíblicas e a direção que Deus dá a nossa consciência. Estude a vida dos candidatos, vejam se são ficha limpa, veja suas pautas, análise com suas convicções, e principalmente, ore e peça direção de Deus. Caso alguém diga que pecamos por seguir a nossa consciência realmente esse alguém precisa do amor de Deus, e de nossa paciência.

Deixamos algumas sugestões sobre esse assunto neste link.



“E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” (Jeremias 29:7).