quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Por que os cristãos [assembleianos] devem influenciar positivamente o governo? [Parte 1]

O governo deve impor a religião? [Parte 1]

Neste ano eleitoral ocorreu muitas indagações sobre a conduta do assembleiano para com a política, com os políticos, sobre votação, sobre conversar sobre política, e sobre irmãos candidatos presentes no pleito disputando votos.

Esta situação vimos diversos discursos negativos, tais como: religião e política não devem ser misturados ... , quem entra na política se contamina com o pecado ... , no momento quem entra na política virá um ímpio ..., não pode-se falar de política na igreja ..., o crente não serve para essas coisas ..., o reino de Deus não é desta terra, o que o crente não deve gastar energia com o que não é Deus ..., etc.


Há outros discursos positivos também: se o justo não se manisfestar contra as trevas o injusto governará ..., na Bíblia há servos de Deus na política, como José no Egito e Daniel na Babilônia, isso indica que Deus usa crentes na política, devemos escolher alguém do nosso meio para zelar pelas coisas de Deus nas esferas de poder ..., etc.

Com base no texto de Grudem (2014; 2016) vamos fazer algumas considerações sobre o envolvimento do cristão e a política. Com a provocação de seis itens:


Deve-se fazer uma demarcação para as coisas tratadas aqui: a) a hermenêutica é cristocêntrica; b) os exemplos do Antigo Testamento não tem validade de lei obrigatória aos gentil conforme Atos 15 (Concílio de Jerusalém), desta form pode ser consultada como princípios ou orientação optativa; c) temos orientação arminiana em que o crente possui o livre-arbítrio e pode resistir a graça, e Deus na soberania respeita a vontade humana.

Vamos para o primeiro ponto:

O governo deve impor a religião?


Um governo civil de forma equivocada pode impor a apoiar uma determinada religião?

É trágico, mas no passado e presente temos muitos exemplos dessa situação. Tais como: a) Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) entre católicos e protestantes como muitas mortes para ambos os lados; b) Guerras religiosas na Europa nos séculos 16 e 17 entre católicos e protestantes; c) Arabia Saudita impõe o Islamismo as pessoas e proíbe outros cultos e a conversão a outra religião, sentenciando até mesmo com morte, confisco e outras represarias, como ocorre com o avanço do grupo terrorista Estado Islâmico; d) Coreá do Norte com regime comunista de natureza materialista ateia, proíbe a religião e a expressão religiosa. Entre outros exemplo.


Este último exemplo da Coreá, há a Coreá do Sul com regime político e econômico democrático e capitalista, e possui uma das maiores da igreja evangélica do mundo, e vivendo um avivamento que é testemunhado por vários líderes mundiais. Sendo que ambas as "Coreás" possuem a separação a menos de 60 anos de regime político, e possuindo em comum a mesma história, raiz cultural e laços familiares.

Podemos perceber na Bíblia as orientações sobre a não aceitação imposição do governo de uma religião sobre seus cidadãos:

1. É impossível impor a fé autêntica


"A verdadeira crença religiosa não pode ser imposta à força" (2016, p. 16). Jesus argumentava no NT sobre o reino de Deus e fazia "apelos" para uma decisão pessoal para seguir a Jesus como Messias.

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28).

Podemos conhecer pelo testemunho que os pais muitas vezes possuem filhos que não seguem a mesma fé.

Pode-se questionar sobre Dt 13.6-11 que leis do AT obrigava a seguir a mesma religião e condenava de morte. Contudo, essa lei foi para Israel, num sistema político teocrático. Uma chamada que não ocorre no NT, pois pela graça somos salvos e não pelas obras da lei. Estamos numa nova aliança (Hb 8.8-9.28).


2. Jesus fez distinção entre o reino de Deus e o de César


Jesus ensinou a separa o governo civil da experiência religiosas sem que tenha de faltar as obrigações com ambas. Quando experimentado pelos herodianos com a pergunta: É correto pagar tributo a César, ou não?" (Mt 22.17). De forma supreendente ele responde:

"Mostra-me a moeda do tributo. E trouxeram-lhe um denário [...] Então, ele disse: De quem são esta imagem e inscrição? Eles responderam: De César. Então lhes declarou: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." (Mt 22.20,21)

Jesus afirma duas diferentes esferas de influência, uma relativa ao governo e outra à vida religiosa das pessoas do povo de Deus. Assim, coisas como imposto compete ao governo civil (o de César), e isso significa que a igreja não deve tentar controlá-lo. Portanto, alguns assuntos pertencente a vida religiosa das pessoas (o que é de Deus), implica que o governo não deve exercer controle sobre elas.



Jesus não faz uma teoria política e realiza categorizações, mas uma simples distinção importante para os dias de hoje para a forma de relacionarmos com o governo.

3. Liberdade religiosa é um principio bíblico


Com o princípio de distinção das esferas de influência supramencionada: o que é de César (governo civil) e o que é de Deus (vida religiosa), implica que o Estado não deve impor e obrigar uma religião, pois não lhe compete a isso! A liberdade das esferas leva ao governo propiciar liberdade total de religião, e isso ser o princípio sustentado por cristãos que procuram influenciar o governo.



Assembleiano, desta forma, da nossa parte que cremos no poder de Deus, sua obra expiatória, salvação e missão de evangelismo, entendemos que não podemos querer uma tirania religiosa evangélica, por um lado, e nem o absurdo de força outras pessoas a seguir nossas convicções. A Bíblia diz que "não é por força e nem por violência, mas pelo meu Espírito [...]" (Zc 4.6).


Bibliografia


Grudem, W. Por que os cristãos devem influenciar positivamente o governo. Grudem, W. & Asmus, B. Economia e política na cosmovisão cristão: contribuições para uma teologia evangélica. São Paulo: Nova Vida, 2016. p. 15-48.

Grudem, W. Política segundo a Bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer. São Paulo: Nova Vida, 2014.



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