sábado, 5 de novembro de 2016

Por que os cristãos [assembleianos] devem influenciar positivamente o governo? [Parte 4]

Argumento equivocado: Dedique-se à política e não à evangelização!


Pra que suas virtudes e dons?

Considerar que os dons espirituais têm o mero objetivo de adornar e beneficiar a pessoa que os tem seria tão absurdo quanto dizer: “Eu acendo o fogo não para esquentar a sala, mas para esquentar a lareira” (Abraham Kuyper)


Iniciamos postagens sobre temas ligado a cidadania terrena do crente, entendendo que deve se dá a César o que é de César (obrigações civis) e a Deus o que é de Deus (compromisso religioso).

O envolvimento do cristão na política, e esta será a parte 4 de Por que os cristãos [assembleianos] devem influenciar positivamente o governo?

Com base no texto de Grudem (2014; 2016) vamos fazer algumas considerações sobre o envolvimento do cristão e a política. Com a provocação de seis itens:
Nossa discussão será sobre:

Argumento equivocado: Dedique-se à política e não à evangelização!





Percebemos muitas pessoas com entusiasmo por mudanças [as vezes são radicais] na vida política, civil e econômica. Nas universidade, por exemplo, é comum o discurso marxista de revolução (mudança abrupta), e alguns podem até dizer que o caminho da força das massas contra aqueles que possuem os meios de produção.



Outros utilizam-se de correntes de pensamentos influenciados por ideologias (liberais, conservadoras, nacionalistas, comunitárias, cientificistas, entre outras) e acusam que o pensamento religioso nada tem a contribuir com o mundo (na Terra), pois só pensam e trabalham para o mundo do Ceú (espiritual), então se precisam de formas atuais de pensar a vida concreta (saúde, emprego, lazer, família, economia, política, etc.).



Pensamentos estes, em parte corretos, pois muitos se voltam para a Bíblia somente realizando a leitura da salvação da alma, e não percebendo que nela há princípios para toda a vida e todas as coisas. Contudo, não estão ditas diretamente, mas há soluções para toda a vida por meio de princípios na Palavra de Deus (Bíblia), assim, podemos refletir no mundo, ciência, cultura, arte, política, economia e vida completa por categorias bíblicas também.



Segundo Grudem (2016) diz não conhecer nenhum líder evangélico influente que defenda a tese de se dedicar somente a política e não a evangelização. Pois, como poderá ganhar uma batalha dos corações de fora para dentro? Se a Bíblia diz que é de dentro para fora.



Segundo Koyzis (2014) levanta algumas ideologias que tentam tratar de formas de enxergar ao mundo sem a pregação do evangelho (busca sem Deus de explicar o mundo e como interagir com o mesmo). O autor chama de ideologia o sistema de pensamento que realiza as seguintes ações: a) conjunto de ideias recicladas de outras ideologias ou teorias políticas anteriores, ou popularização de uma teoria ou filosofia normativa (“ideias mais correta aos aos olhos dos seus adeptos”); b) normalmente surgem como secularização da fé cristã e de culturas historicamente moldadas pela fé, a começar pelo Ocidente (p.e., não há marxismo onde não ocorreu colonização ou evangelização cristã); c) traz a possibilidade de movimento político de massa (faz com as pessoas acreditem que terão um nível de poder ou privilégio que não possuíam antes); d) aperfeiçoamento e uso das tecnologia de informação e comunicação para divulgar a ideologia por meio do marketing (redes sociais, por exemplo), e alcançam pessoas, as vezes sem esclarecimento das implicações daquela visão de mundo se levada/praticada com coerência na maior parte da sua vida, ou sem alternativa de outras formas de pensamento para comparar e compram aquela ideia.




Para Koyzis a ideologia é diferente de cosmovisão (visão de mundo, conjunto de ideias de uma pessoa, e que pode ser compartilhada com outras pessoas) pelo fato da ideologia levar a polarizar uma fonte para o mal, e selecionar uma fonte para salvação, e camuflar a realidade, fazendo a pessoa possua uma leitura aparente e desfaçada de realidade que a ilude sem analisar vários outros fatores complexos. Por isso, toda ideologia para o mesmo é o pecado de idolatria, por elevar um elemento da criação a divinação e salvação, acima de outros, e fora de Deus.



Por exemplo, quando se segue uma linha ideológica liberal, se crer que o individuo é o soberano, e qualquer coisa que tire a liberdade individual do mesmo é errado; no caso do conservador, acredita que as raízes e o conhecido são as fontes de segurança para a comunidade local, e as coisas diferentes devem ser acompanhada de desconfiança; ou, também o nacionalismo, que crer que uma raça/nação é melhor que outra; ou o socialismo, que demoniza a propriedade privada, e iguala todos pelo bens comum dirigido pelo estado, e etc. Todas buscam solução para o mundo fora  de Deus e do evangelho.



Grudem lembra que sempre chega um momento em que as leis boas não resolvem os problemas de uma cidade ou de uma nação, na verdade, quando se resolve algo, pode sempre criar outros problemas. Então, para um povo ser transformado, não é só pela política, mas deve vir de dentro para fora, do coração e nas mentes das pessoas. Isso só é possível pelo evangelho pregado com poder de testemunho e vida abundante.



Governos com leis e estrutura de controle, como policia, podem controlar e impedir comportamento errados, e até ensinar e mostrar as pessoas o que elas aprovam, mas é incapaz de torná-las boas e produzir bons cidadão.



A mudança para uma nação ver-se as seguintes premissas: a) o coração das pessoas mudarem para procurarem fazer o bem, e não mal; b) a mente das pessoas mudarem pra procurarem as convicções morais próximos aos padrões de Deus; e c) se as leis mudarem, para promover de forma plena e de boa conduta, e assim punir o procedimento errado.



Logo, a política é incapaz de fazer essas mudanças, mas o evangelho pode mudar o coração, transformar a mente e trazer arrependimento dos erros, e motivar a fazer o que é correto.



Lembremos que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna (Rm 6.23). Sem dúvida, não há nada mais poderoso que ser salvo deste mundo, do sistema de pensamento, cultura e comportamento para viver a liberdade e com vida eterna. Pois, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas se passaram, tudo se fez novo (2 Co 5.17).



Se quer usar a visão cristã para transformar a sociedade, deve ser por meio da influencia cristã expressiva no governo, vivendo a vida cristã, pensando no seu mundo comunitário, profissional, cultural e onde Deus te plantou, a partir do cristianismo, e não se isolar na teologia, mas desenvolver uma cosmovisão cristã que dialogue os princípios bíblicos (não doutrinas simplesmente).

Pode usar elementos ideológicos (pois podem enxergar e estudar a criação, e encontrar e explicar fenômenos corretamente), mas não pode adota-lo totalmente e acriticamente, e como não pode usar formas seculares de pensamento sem confrontar com a Cruz. Se não, só se torna um crente nominal, com o pensamento preso, é secular e idolatra (pois a idolatria é muito mais profunda que ídolos de imagem feita por mãos de barro ou mental, mas é tudo que ocupa o lugar de Deus na sua vida).



Não é só com a política que deve-se buscar servir a Deus, mas em todas as áreas da vida mostrar e viver o senhorio de Cristo.

Como diz Abraham Kuyper “Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: “É meu!”


Bibliografia

Koyzis, D. T. Visões & ilusões políticas: uma análise e crítica cristã das ideologias contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2014.

Grudem, W. Por que os cristãos devem influenciar positivamente o governo. Grudem, W. & Asmus, B. Economia e política na cosmovisão cristão: contribuições para uma teologia evangélica. São Paulo: Nova Vida, 2016. p. 15-48.

Nenhum comentário:

Postar um comentário